MÍDIA, IMAGINÁRIO DE CONSUMO E EDUCAÇÃO: A MÍDIA COMO PEDAGOGIA CULTURAL

É importante, inicialmente, ressaltar o quão significativo é a inserção de conteúdos que permitam aos educandos situar-se, não só dentro de suas comunidades, mas também estarem atentos às coisas que acontecem à sua volta e que direta ou indiretamente os afetam. Centrar os alunos no mundo em que vivem sem desvinculá-los de sua realidade é uma tarefa difícil. Uma das vias de acesso que mais facilitam esse processo são as pedagogias culturais. São elas que podem encurtar a distância professor-aluno e proporcionar um bom trabalho em sala de aula, formando cidadãos críticos e com uma visão de mundo ampla e significativa. É preciso efetivar as pedagogias culturais para que estas sejam, não só um mero apoio ao trabalho docente, mas instrumentos cruciais para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
Porém, não se pode falar em pedagogias culturais sem citar o consumismo que a maioria delas nos impõe, sendo a mídia a maior responsável pelo imaginário de consumo. A mídia também tem um papel muito importante quando se fala em educação, tanto dentro quanto fora da escola. Seja qual for o tipo, os meios de comunicação social estão ao alcance de todos, e o professor que sabe tirar proveito disso, proporciona a seus alunos um ambiente rico em troca de informações e saberes.
Manter a distância aparente entre os diversos meios em que a informação visual circula e o ambiente escolar é uma tentativa quase sempre falha, pois a escola, muitas vezes, procura preservar a integridade dos conteúdos disciplinares tradicionais sem confrontá-los com o conhecimento corriqueiro produzido massivamente pelos veículos midiáticos. (GOMES, 2001, p. 195).

O docente deve estar atento, pois a partir do momento que usa a mídia como um dispositivo pedagógico, deve saber filtrar muito bem aquilo que é ou não cabível de trazer para o espaço escolar, e saber lidar com os estereótipos produzidos pelo imaginário do consumo infantil e juvenil. As crianças e os jovens não têm discernimento suficiente para lidar com essas questões e corre-se o risco da proposta perder o foco, e isso prejudica não só o trabalho como também o próprio relacionamento do grupo, pois a questão da aceitação se deve muito ao poder de consumo que cada indivíduo do grupo possui. Em tese, quanto maior o consumismo, maior é a aceitação do sujeito no grupo. Isso se torna muito complicado devido ao fato de termos em nosso meio uma vasta desigualdade social, a sala de aula por si só já é um ambiente bastante heterogêneo.
A televisão e seus artefatos (filmes, comerciais, documentários, etc.) ilustram o conteúdo, despertam o interesse dos educandos e proporcionam ludicidade acerca do conteúdo trabalhado, o que certamente enriquece e amplia o aprendizado. Para ELLSWORTH, “ignorar o poder do endereçamento empobrece os professores.” (2001, p. 44), isto é, não basta apenas se apoderar das pedagogias culturais sem, de fato, saber a quem direcioná-las. É fundamental fazer um bom uso das pedagogias culturais sejam quais forem, sem, contudo, ignorar o imaginário de consumo do meio. O educador que consegue isso tem em suas mãos ferramentas muito úteis para servi-lo, além da sala de aula inclusive, e tornar seu trabalho produtivo e significativo, contribuindo muito para a educação.

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